quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vicente do Rego

REFLEXÕES SOBRE A HUMANIDADE

A população total que vive na Terra é de mais de 6 bilhões de seres humanos. Há muita diversidade: diferenças de raças, de religião, de local de moradia e sobretudo de renda e de condições de sobrevivência. Se pudéssemos encolher a população do mundo a uma vila de 100 pessoas, mantendo todas as proporções, o resultado seria o seguinte. No mundo haveria:

Local de moradia:
57 na Ásia
21 na Europa
14 na América
8 na África

Divisão de raças:
36 são amarelos (chineses, japoneses, vietnamitas, etc.)
18 são brancos
13 são negros
33 são mestiços

Religiões:
30 são cristãos
25 são muçulmanos
16 são hinduístas
08 são budistas
21 são de outras religiões

Condições de vida:
6 pessoas deteriam 60% de toda a riqueza, e todas elas seriam dos EUA
80 morariam em casas abaixo do padrão desejável
70 seriam analfabetos ou semi-analfabetos
50 seriam desnutridos
1 (sim só um) teria nível superior
1 teria um computador

Diadema

Como seria viver numa sociedade não-industrial?

• Dividir a sala em grupos de 4 ou 5 pessoas para resolver às seguintes questões:

 Como seria viver numa sociedade não-industrial, ou seja, sem os bens produzidos pela indústria? Se houvesse uma guerra, por exemplo, onde todos os bens industriais fossem destruídos e só sobrassem o homem e a natureza. Como seria a organização social e política, a alimentação, a saúde, o cotidiano etc?

• Trazer para a sala um produto* que não passou por um processo de industrialização.

*Definição de produto: são os bens que resultam da transformação da natureza, que servem para satisfazer as nossas necessidades; produzir é dar uma nova combinação aos elementos da natureza.

Tarsila

A origem da sociedade capitalista - Paulo Meksenas

É importante inicialmente nos fixarmos na Europa dos séculos IV a XIV (301-400 a 1301-1400 d.C.), pois foi esse período que deu origem à nossa sociedade atual.
Sabemos que no período citado, a Europa era um continente onde a organização econômica principal girava em torno da terra e da propriedade da terra. O modo de vista era ligado ao trabalho rural, principalmente fonte de organização social.
Por ser a terra fonte de riquezas é que os seus poucos proprietários se tornavam poderosos: a camada dominante dos senhores feudais, que compreendia a nobreza e o alto clero. Por outro lado existia uma imensa maioria de pessoas forçadas a trabalhar nas terras da nobreza feudal para sobreviver, pagando tributos pelo uso dessa terra: a camada dos servos, que compreendia uma imensa população de trabalhadores pobres.
Nessa sociedade de base agrária, o modo de vida era completamente diferente do que é hoje em dia: pouco comércio, cidades quase não existiam, eram poucos mais que pequenas aldeias, o pensamento religioso moldava a vida da maioria das pessoas.
A partir do século XIV, esse mundo começará a se transformar rapidamente. É essa transformação que nos interessa, pois, de mundo agrário, a Europa caminhou para o mundo urbano-industrial. Essa mudança não ocorreu em pouco tempo, foram no mínimo três séculos para que ela se completasse. No entanto, como foi uma mudança social radical, muitos a chamaram de revolução.
Essa revolução que levou a Europa do feudalismo ao capitalismo teve muitas dimensões e momentos. Em primeiro lugar, foi uma revolução econômica, pois a organização do trabalho se alterou profundamente: da sociedade estratificada em apenas dois grandes estamentos, surgiu um novo grupo social muito importante, a camada dos comerciantes e artesãos livres: pessoas que, a partir do século XIV, já não dependiam mais da terra, e sim de atividades puramente urbanas. Dos artesãos e comerciantes mais poderosos, surgem aqueles que passam a investir grandes somas de riqueza em manufaturadas. Essas manufaturadas, na verdade, eram as primeiras indústrias, ainda primitivas, mas que já se caracterizavam pela divisão interna de funções, o trabalho parcelado em inúmeras atividades a partir da introdução de novas e melhores máquinas e técnicas. Cada operador de máquinas já não elabora o produto por inteiro, mas apenas uma peça que, somada às peças de outros operadores isolados, dá origem ao produto final. É a divisão social do trabalho. Assim, ao entrarmos nos séculos XVIII e XIX, teremos as fases da Revolução Industrial, que foi a dimensão econômica da revolução que deu origem ao capitalismo.
Esse modo de produção, que se originou do comércio e da manufatura, foi o responsável pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas, aumento das atividades, dando origem à moderna indústria. A intensa urbanização do nosso século é fruto desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é agora sob a sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é mais a terra, mas sim a propriedade de fábricas, máquinas, bancos, isto é, a propriedade dos meios de produção. Assim, os poucos proprietários dos meios de produção se constituem na classe empresarial (burguesia), enquanto uma imensa maioria de pessoas não-proprietárias se constitui na classe trabalhadora (proletariado), que, para sobreviver, troca sua capacidade de trabalho por salário.
Em segundo lugar, foi uma revolução política, pois a antiga nobreza feudal perdeu o domínio para a classe burguesa, economicamente mais forte. Enquanto no feudalismo persistiu uma política que representava os interesses dos senhores feudais e do clero, serão agora os empresários que passarão a organizar a política e, a partir daí, nasce o Estado moderno, isto é, nascem as formas de governo eleitas pelo voto e regidas por uma Constituição. Nasce o parlamento. Todas essas novas dimensões da política burguesa devem dar a aparência de que o Estado, acima dos interesses de classe, vem organizar democraticamente a sociedade. Nasce assim a democracia burguesa.
Em terceiro lugar, foi uma revolução ideológica e científica, pois a visão de mundo sob o capitalismo se alterou: a idéia de progresso se propaga, como também a idéia de enriquecimento. A vida, dinâmica e competitiva, faz nascer o sentimento de individualismo. A ciência, como já aprendemos, se origina a partir de novos métodos de interpretação da natureza. A partir da observação dos fatos, decomposição em partes (análise) e de sua recordenação (síntese) se interpreta uma natureza regida por leis. Isso possibilita, com uma série de novos inventos, grande domínio do ser humano sobre a natureza, nunca visto antes na história da civilização.
(Meksenas, Paulo, Sociologia p. 43-44)


Questões para serem desenvolvidas em duplas ou trios:

1 – Sintetizar os três tipos de revolução que ocorreram na passagem da Europa feudal para a capitalista.

2 – A ciência possibilitou um grande domínio do homem sobre a natureza. Cite e comente três conseqüências desse fato para a sociedade e o mundo modernos.

3 – Identifique e caracterize as classes sociais de que fala o texto.

4 – Defina os termos abaixo (pesquise em livros de História, Filosofia ou Sociologia)

a) manufatura
b) modo de produção
c) meios de produção
d) Revolução
e) Ciência
f) Revolução Industrial
g) Estado

Realismo soviético

MODOS DE PRODUÇÃO

Quando vamos a um supermercado e compramos gêneros alimentícios, bebidas, calçados, material de limpeza, etc., estamos adquirindo bens. Da mesma forma, quando pagamos a passagem do ônibus ou uma consulta médica, estamos pagando um serviço.
Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade. Assim, o conjunto de indivíduos que participam da vida econômica de uma nação é o conjunto de indivíduos que participam da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Ex: operários quando trabalham estão ajudando a produzir, quando, com o salário que recebem, compram algo, estão participando da distribuição, pois estão comprando bens e consumo. E quando consomem os bens e os serviços que adquiriram, estão participando da atividade econômica de consumo de bens e serviços.
O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.

Modo de produção = forças produtivas + relações de produção

Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade.

Modo de produção primitivo:
O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo escravismo, pelo feudalismo e pelo capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.
Na comunidade primitiva os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, ou seja, de todos. Não existia ainda a idéia da propriedade privada dos meios de produção, nem havia a oposição proprietários x não proprietários.
As relações de produção eram relações de amizade e ajuda entre todos; elas eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, a terra em primeiro lugar.
Também não existia o Estado. Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros. O Estado surgiu como instrumento de organização social e de dominação.

Modo de produção escravista:
Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram propriedade do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta.
Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição: senhores x escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não tinham nenhum direito.
Os senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto de trabalho.

Modo de produção asiático:
O modo de produção asiático predominou no Egito, na China, na Índia na antiguidade e também na África do século passado.
Tomando como exemplo o Egito, no tempo dos faraós, vamos notar que a parte produtiva da sociedade era composta pelos escravos, que eram forçados, e pelos camponeses, que também eram forçados a entregar ao Estado o que produziam. A parcela maior prejudicando cada vez mais o meio de produção asiático.
Fatores que determinaram o fim do modo de produção asiático:
• A propriedade de terra pelos nobres;
• O alto custo de manutenção dos setores improdutivos;
• A rebelião dos escravos.

Modo de produção feudal:
A sociedade feudal era constituída pelos senhores x servos. Os servos não eram escravos de seus senhores, pois não eram propriedade deles. Eles apenas os serviam em troca de casa e comida. Trabalhavam um pouco para o seu senhor e outro pouco para eles mesmos.
Na sociedade feudal, a produção não visava o lucro, trabalha-se para atender as necessidades da comunidade e não para o mercado. Define-se por uma economia de subsistência. Uma das principais características das sociedades feudais era seu caráter estamental, estático, fechado, praticamente inexistindo mobilidade social. Nascendo-se servo morre-se servo.
Num determinado momento, as relações feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das forças produtivas. Como a exploração sobre os servos no campo aumentava, o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes e o próprio crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal. Já começava a aparecer às relações capitalistas de produção.

Modo de produção capitalista:
O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado, que substituiu o trabalho servil do feudalismo. O capitalismo é movido por lucros, portanto temos duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.
O capitalismo compreende quatro etapas:
Pré-capitalismo: o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas.
Capitalismo comercial: a maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho assalariado torna-se mais comum.
Capitalismo industrial: com a revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas indústrias, que se tornam à atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente.
Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a industria, à pecuária, e ao comercio.

Modo de produção socialista:
A base econômica do socialismo é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são públicos ou coletivos, não existindo empresas privadas. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da população: emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há separação entre proprietário do capital (patrão) e proprietários da força do trabalho (empregados). Isto não quer dizer que não haja diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função de o trabalho ser manual ou intelectual.
O Dicionário de Política classifica a formação social socialista de acordo com os seguintes princípios: direito de propriedade fortemente limitado, principais recursos econômicos sob o controle dos trabalhadores, relações sociais de produção objetivando a promoção da igualdades social e conseqüente desaparecimento das diferenças de classe e os poderes públicos geridos e controlados pelo povo.